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AMOR E VIDA



Roberto Cury
                                               
Inicio este artigo com uma história real acontecida ainda no século passado cujo texto retirei do site Momento Espírita.
“Foi em mil novecentos e setenta e dois que um desastre aéreo ganhou repercussão internacional, tendo em vista o tamanho da tragédia.
Uma equipe de jogadores de rugbi do Uruguai atravessava os Andes, com destino a Santiago do Chile, quando seu avião colidiu com uma montanha e caiu, dividindo-se em dois.
Fernando Parrado era um desses atletas atingidos pelo acidente. Pouco antes de decolar, sabendo haver lugares vagos no voo, Fernando convidou sua mãe e sua irmã para o acompanharem na viagem.
Quando aconteceu a queda, sua mãe morreu imediatamente pelo impacto. Sua irmã que, aparentemente, não apresentava graves ferimentos, começou a ter, em poucas horas, problemas de gangrena nas pernas.
Fernando passou três dias cuidando da irmã que, em delírio, chamava pela mãe, pronunciava frases sem sentido e cantava canções infantis. Após vários dias em agonia, morreu nos braços do irmão.
Dez dias depois, os acidentados ouviram, pelo rádio, a notícia de que as buscas tinham sido suspensas.
Passados dois meses, Fernando e dois amigos decidiram sair em busca de ajuda. Por dez dias, dormindo não mais que duas horas por noite para não congelar, procuraram socorro.
Ao ser perguntado o que o motivara tão intensamente, a ponto de enfrentar todos os percalços, Fernando afirmou que queria voltar por amor ao seu pai, que ele imaginava estar desesperado pela morte de toda a família.
Foi o amor que o fez enfrentar brutais dificuldades, desafios físicos e emocionais intensos.”
- Como achar que foi um caso de amor diante de tantas tragédias, inquiriria um cético?
Ah! Também os deslumbrados, que sem raciocínio algum, opinariam que tudo aconteceu em consequência do amor.
Mas, será isso mesmo? O amor é capaz de tornar um homem bruto num ser humano sensível e solidário?
Eis um outro caso de amor , também retirado do Momento Espírita:
“O grande rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe.
Levado à presença do conquistador, ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento da sentença real.
O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família:
Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca?
Rapidamente respondeu o prisioneiro:
Metade do meu reino.
Ciro continuou, paciente, a interrogar:
E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás?
Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino.
Ainda calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta:
E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?
O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram.
Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos.
Foi só um momento mas para todos pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido.
Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse:
Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa.
O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família.
De retorno para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia do monarca persa.
Não, disse ela. Não observei. Durante todo o tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a sua própria vida pela minha liberdade.”
Aquele que ama não estabelece limites e nem condições para o amor, principalmente porque quem ama se doa por inteiro.
Mas, quando dois seres se amam transfundem o maravilhoso sentimento para a prole gerada ou constituída através da adoção daqueles que não têm ou que perderam a família. Pode parecer absurdo falar em adoção com aqueles que só compreendem ou aceitam filhos que sejam naturais da união dos dois seres casados. Há tantos filhos esperando por pais nos abrigos, nos orfanatos, nos asilos e também perambulando pelas ruas, alheados do tempo e da razão. São nossos irmãos e ao mesmo tempo nossos filhos. E quem sabe não foram nossos pais em outras encarnações? E, por que estariam perdidos vagando agora? O que importa se cometeram deslizes no passado, inclusive contra nós mesmos? E daí? Estamos todos buscando resgatar erros, corrigir defeitos de caráter, de vida.
O verdadeiro amor se solidifica através dos anos, da vivência entre os seres, finca raízes, cada vez mais profundas, quanto mais difíceis, mais renhidas forem as lutas pela sobrevivência tanto no aspecto material quanto na vivência espiritual em comum, pois os seres que se amam verdadeiramente, não há embate que lhes esmoreçam, nem reveses que não superem sempre alegres e dispostos.
Nada, nem ninguém consegue vencer ou sobrepujar o amor que une dois seres, porque ele é o estágio mais elevado do sentimento .
E quem ama vê, enxerga, encontra o amor em todo o Universo, nas mais variadas formas, pois o Amor emana do Criador de tudo, inclusive dos seres encarnados e desencarnados.
Disse o filósofo: “O homem somente atinge a plenitude quando ama”. 
Se o homem exige ser amado, é porque ainda vive na infância emocional, mas, aquele que já descobriu o que é o amor, sabe que é amando sem condições que também será amado.
Os animais amam, sem exigirem o amor recíproco. Então por que não seguirmos amando, sem nada esperar em troca?
Importante é amar, mesmo que não recebamos o mesmo sentimento do ser amado. O que é essencial é amar, sem solicitação, pois que o amor é vida.
 
 
                                               POEMA
                                                           Roberto Cury
Sol,
Luz, esperança e formosura!
 
Costumes, temperamentos,
vontades, sentimentos...
 
Somos o que somos,
nem sempre o que fomos...
 
Somos corpo e alma,
acanhamento, calma,
orgulho e vaidade,
às vezes saudade,
outras serenidade...
 
Onde nos encontrarmos,
seremos individualidade,
sobranceiredade,
ternura,
doçura,
amor perene!
 
Não importa
se na cidade,
se no campo,
o que vale
é sermos sempre
felicidade!

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