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Na ética cristã ou no “jeitinho brasileiro" - onde nos identificamos? (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
Brasília – DF

Um estudo inédito realizado pela consultoria BrandAnalytics, empresa ligada à Millward Brown Optimor, um dos maiores grupos de pesquisa do mundo, revela o que os brasileiros pensam do País. Se o Brasil fosse “uma pessoa”, a principal característica, aquela que se vê logo de cara, seria a desonestidade. 

Segundo Dulce Critelli, professora de filosofia da PUC de São Paulo, os resultados da pesquisa demonstram que grande parte da população não confia nem no País nem no compatriota. No clássico “Raízes do Brasil”, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, ao falar do “homem cordial” destaca igualmente o que chama de “personalismo” do cidadão brasileiro. No Brasil, diz Holanda, as pessoas cultuam o mérito pessoal (o “cada um por si”), em vez do trabalho coletivo. [1]

Isso realmente corresponde à realidade? Olhemos para o lado e pensemos bem: a maioria das pessoas de nosso convívio é desonesta? Elas querem levar vantagem sobre nós? Ou como se diz: querem nos “passar a perna”, nos enganar, ludibriar, “dar o cano” ? 

Desde a Proclamação da República, construida sob os anseios dos valores da ordem e do progresso, até os nossos dias, ainda não nos ajustamos rigorosamente à honradez e à honestidade. 

Os brasileiros (ressalvadas as honradas exceções) necessitamos modificar a cultura da desonestidade, a fim de que nossa pátria progrida em ordem. Até porque, enquanto prosseguirmos conectados à tradição do “corrompido jeitinho”, o futuro desta pátria estará comprometida pela desordem e decadência geral. 

No cinismo das vis tendências desonestas trouxemos abaixo alguns cenários e práticas dos trágicos “jeitinhos” , a fim de que avaliemos se nos identificamos ou não como protagonistas. 

Vejamos, são os conterrâneos que furam a fila de carros em frente do colégio para pegar os filhos ou que colocam a viatura na vaga reservada para deficientes e idosos nos estacionamentos dos hospitais, supermercados, shopping. 

Compatrícios que furtam toalhas, roupões, talheres e outros utensilhos de hotéis, clubes, repartições públicas etc.; há os que surrupiam sinais de Internet e tv a cabo do vizinho; que oferecem dinheiro (propina) para subornar o policial, a fim de fugir da multa; que não emitem nota fiscal ao cliente; que não declaram Imposto de Renda; que bolam doenças para fraudar o INSS.

Há os conterrâneos que falsificam carteirinha de estudante (para meia entrada); que assinam a “folha de pontos” do colega; que compram produtos “pirateados”; que não restituem troco recebidos a maior; que batem o ponto pelo colega; que compram diplomas falsos para participação em concursos públicos e, mais comum ainda, há os que recorrem a falsos atestados médicos, para justificar ausências mais prolongadas no trabalho. 

Não haverá futuro promissor para um país com uma sociedade assim estruturada. É urgente uma higienização moral, aproveitando o momento histórico que estamos atravessando no Brasil, para que sejam exaltados os valores da Ética Cristã e consagrada a honestidade. 

É inconcebível um espírita desonesto. Um seguidor fidedigno do Cristo e de Kardec tem que ser fiel ao Evangelho e aos princípios que a Doutrina dos Espíritos impõem e ter noção de que honestidade é prática obrigatória para todo ser humano, principalmente para um “espírita cristão”(*). 

Cabe-nos viver e exemplificar a honestidade no lar, na vida profissional, nos negócios, na política, na administração pública, bem como nas outras situações, consultando sempre a consciência, onde estão inscritos os códigos da lei de Deus. 

O Brasil será um país bem-sucedido se cada compatriota banir da própria cultura o conspurcável “jeitinho brasileiro”.

(*). Hão “espíritas” que não se consideram cristãos

Referência:

[1] Disponível em http://istoe.com.br/360834_O+DESENCANTO+COM+O+BRASIL/ Acesso 23/11/2016

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