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A distância e os efeitos físicos

Leonardo Marmo Moreira


Segundo os estudiosos dos fenômenos de efeitos físicos, a distância realmente é um fator decisivo para a ocorrência do fenômeno de efeito físico. Divaldo P. Franco* comenta que em casos de Poltergeist (também chamados "psicocinesia recorrente espontânea", conforme Hernani G. Andrade explica em "Parapsicologia - Uma visão panorâmica") é comum a presença de um adolescente em local próximo (*Divaldo responde Mediunidade 1999/Centro Espírita Nosso Lar-Casas André Luiz). Hernani G. Andrade comenta na referida obra ("Parapsicologia - Uma Visão Panorâmica") que tais fenômenos costumam ocorrer em determinados locais (casas, sítios, terrenos, interior de veículos etc.) ligados a uma pessoa, que recebe o nome de "epicentro". Quanto maior for a distância do "epicentro", menor será a probabilidade de ser detectado o efeito físico (o que é corroborado por outros pesquisadores também. Certa vez, em um debate, o Padre Quevedo foi muito criticado por, aparentemente, ter "esquecido" dessa peculiaridade). Apesar de eu desconhecer dados quantitativos da distância em metros do epicentro mediúnico do fenômeno, o médium de efeitos físicos teria que morar ou estar presente, no máximo, em uma casa da vizinhança próxima do local dos respectivos efeitos físicos. De fato, nos casos em que o epicentro foi identificado, a distância máxima, na maioria das vezes, era de algumas casas. 

Entretanto, há casos que os estudiosos chamam de "assombração" (do inglês "haunting"), em que não há (ou não foi identificado) o epicentro (vide a supracitada obra de Hernani G. Andrade). Este último fenômeno pareceria mais associado ao local. Nesses casos chamados de "assombração", os efeitos físicos seriam menos intensos ou até inexistentes (havendo, nesse segundo grupo, apenas ações mediúnicas de efeitos intelectuais), muito provavelmente pela ausência de um médium de efeitos físicos e, portanto, de grande doação de fluido vital (também chamados "ectoplasma" na nomenclatura da Metapsíquica de Charles Richet). 

Nesse contexto, devemos lembrar de André Luiz, no livro "Nos domínios da Mediunidade, no capítulo que trata do Espírito de uma moça (que tinha vivido no Brasil há alguns séculos) e que era obcecada e realmente fixada a um espelho que havia sido um presente de um noivo que foi embora do Brasil para a Europa. Segundo o Instrutor de André Luiz (Aulus), ela iria junto do espelho para o lugar onde levassem o espelho. Portanto, é possível que muitos Espíritos desencarnados estejam apegados e literalmente "fixados" em determinados locais e, quando são Espíritos muito atrasados, tais locais acabam sendo "mal assombrados". Ora, se os novos habitantes do local tiverem um pouco de sensibilidade mediúnica, podem sentir em variados níveis essa presença, até que a mesma seja eliminada, através de vários processos que envolvam algum tipo de encaminhamento espiritual para as respectivas entidades. Por outro lado, os "efeitos físicos" propriamente ditos, ou seja, os fenômenos mediúnicos intensos que dependem de significativa ectoplasmia vão depender da presença um médium de efeitos físicos, em função da necessidade de fluidos vitais. 

Ainda assim, precisamos fazer uma importantíssima ressalva: é possível que o médium de efeitos físicos atue à distância (em relação ao seu corpo físico) através do desdobramento parcial do corpo físico. No livro "Missionários da Luz", um excelente médium curador (Afonso) é levado, durante o sono, pela equipe que estava auxiliando Alexandre e André Luiz, para ajudar um homem que estava prestes a desencarnar. E através de passes magnéticos, que tiveram a atuação, neste caso imprescindível, do excelente médium desdobrado, foi possível salvar a vida física do doente e fornecer uma espécie de tempo adicional de encarnação de aproximadamente seis (6) meses. O texto de André Luiz sugere fortemente que os Espíritos desencarnados precisavam dos fluidos de um médium encarnado moralizado e preparado para a tarefa, pois somente os desencarnados, ou mesmo os desencarnados e um encarnado despreparado não conseguiriam salvar a vida física daquele irmão. Só a título de ilustração, também poderíamos lembrar do caso do médium João Berbel, no programa "Transição" da REDETV, que afirmou ter feito uma "cirurgia espiritual" à distância em Chico Xavier (que teria sido confirmada, segundo Berbel, pelo próprio Chico Xavier). De qualquer maneira, fica claro que a distância é um fator que influencia a intensidade do fenômeno de efeito físico, pois a liberação de ectoplasma ocorreria de forma mais intensa, quando o perispírito e/ou o duplo etérico se desprendem do corpo físico (a chamada "descoincidência", como caracteriza Waldo Vieira em "Projeções da Consciência"). Em todo o caso, se o médium de efeito físico promover o desdobramento, seja pelo sono físico ou não, seria possível uma significativa doação de fluido vital pelo Espírito do Médium, cujo corpo físico poderia estar distante.

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