Pular para o conteúdo principal

O ORADOR SOB A RIBALTA DOS PALCOS ESPÍRITAS (Jorge Hessen)




Jorge Hessen

Aflige-nos saber que palestrantes espíritas oferecem insistentemente os seus nomes aos escaladores dos centros espíritas visando realizar palestras nas instituições doutrinárias existentes neste País. Alguns carregam a agenda na mão e praticamente compelem a designação do retorno. Inclusive a que realize palestras nas comunidades espíritas de outros países. Tais confrades “oferecidos” esquecem que, em nome de Jesus, toda palestra deve ser uma ferramenta sublime de disseminação do amor e da humildade e jamais de autopromoção. 

O palestrante precisa fugir dos holofotes e de qualquer propósito de destaque pessoal, necessita “silenciar exibições de conhecimentos, usar simplicidade, evitar alarde, sensacionalismo. ” [1]Todas as temáticas doutrinárias poderão malograr, caso o palestrante não se esforce humildemente para praticar o que prega.

O orador precisa falar sem dramaticidade, sem afetação, sem arrogância, sem empáfia, sem ostentação, pois, do contrário, o público mudará a atitude receptiva inicial e tornar-se-á refratário e até hostil ao final da palestra. Por essa razão, é crucial falar sem imitação de gestos, voz, fraseado ou o estilo normalmente “divaldista”, mostrando-se simples e atencioso, vibrando simpatia e benevolência.

Aos palestrantes, candidatos ao estrelismo, importa que não “decorem simplesmente” quaisquer textos de livros espíritas para recitá-los, quais palradores, pois a expressão maquinal não agrada a quem ouve e, sobretudo, a Deus. Os espíritos nos recomendam nas palestras o “governo das próprias emoções, sem azedume, sem nervosismo e sem momices”[2].

Há palestrantes que são abusivamente "satíricos" (visando fazer gargalhar os ouvintes na platéia), outros não conseguem despir-se das ostentações, santificações, endeusamentos e euforia proselitista. Alguns “deuses da tribuna” forçam palavras “mansas, melosas, piegas” que chegam a ficar pálidos em face do hercúleo esforço para demonstrar mansidão, outros carregam um eterno sorriso com dentes trincados (pressionando com força os de baixo com os de cima) na tentativa de demonstrar simpatia forçada. Centro espirita não é circo, por isso tais atitudes precisam ser evitadas urgente.

Infelizmente, no insofreável desejo de chamar a atenção alheia, muitos oradores querem ser aplaudidos e venerados perante os outros. Há oradores que fazem palestras nos centros espíritas, congressos, seminários e outros “encontrões”, que veneram espalhar autógrafos, Cd’s das suas palestas, locupletando-se de ovações que às vezes têm conferido auréola de quase oráculos sagrados. Infelizmente tais arremedos de “deuses” da tribuna vão se iludindo, criando a efígie de intocáveis, "emissários da tranquilidade", "embaixadores do bem". Não será impossível alguns centros “espíritas” edificarem altares em suas homenagens em futuro próximo.

Muitos palestrantes ficam submissos às imposições sociais quando buscam adesão (bajulações) dos outros, “quando permanecem na posição de permanentes escravos e pedintes do aplauso hipócrita e do verniz, da lisonja, condicionando-os a viver sem usufruir de liberdade de consciência, submetendo-os a ser manipulados pelos juízos e opiniões alheias.” [3]

O orador deve reagir com todas as suas forças contra os “confetes” e lisonjas, para que a vaidade não lhe venha toldar o raciocínio e o próprio campo de ação, e mais ainda, nunca deve julgar-se indispensável ou excepcional, criando exigências ou solicitando considerações especiais por que se considera um escolhido dos deuses para divulgar o Espiritismo.

Referências bibliográficas:

[1] Vieira, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Propaganda
[2] ______, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Tribuna
[3] Xavier, Francisco Cândido. Saudação do Natal – Mensagem “Trilogia da vida”, ditado pelo espírito Cornélio Pires , SP: Editora CEU, 1996

Postagens mais visitadas deste blog

O livro “Maria de Nazaré” do autor espiritual Miramez pela mediunidade de João Nunes Maia: Uma análise crítica”

Leonardo Marmo Moreira O zelo doutrinário e o cuidado em não aceitar utopias antes delas serem confirmadas é o mínimo de critério que todo espírita consciente deve ter antes de admitir algo dentro do contexto do estudo espírita. Esse critério deve ser ainda mais rigoroso antes do espiritista sair divulgando ou citando, enquanto expositor ou articulista espirita, tais dados ou informações como corroborações a qualquer ideia ou informações, ainda mais quando digam respeito a realidades de difícil constatação, tais como detalhes da vida do mundo espiritual; eventos espirituais envolvendo Espíritos de elevadíssima condição, episódios espirituais de um passado distante, entre outros. Esse tipo de escrúpulo é o que faz com que o Espiritismo não seja apenas uma religião convencional, mas esteja sustentado em um tripé científico-filosófico-religioso, cujo material de conexão dos vértices desse triângulo é a fé raciocinada.  Temos observado confrades citarem a obra “Maria de Naz

A Tangibilidade é uma Manifestação do Corpo Mental

  José Sola Um dos atributos de Deus apresentado por Allan Kardec é de que a Fonte Originária da Vida, em sua essência, é imaterial. Somos ainda informados pelo mestre Lionês, de que o espirito é uma centelha divina emanada do Criador, o que nos leva a concluir que o espirito é imaterial, tanto quanto Deus. E no intento de corroborar o que estamos informando, vamos apresentar algumas questões de Kardec que nos permitirá analisar com maior clareza este conceito. 25 - O espirito é independente da matéria, ou não é mais do que uma propriedade desta, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar? R – São distintos, mas é necessária a união do espirito e da matéria para dar inteligência a esta. Nestas palavras do Espirito da Verdade fica explicitado que espirito e matéria são elementos independentes, mas que é o espirito o eu diretor da matéria, assim, é ele que propicia inteligência a mesma. 26 - Pode se conhecer o espírito sem a matéria e a matéria

Armas de fogo para quê? Somos pela paz

Armas de fogo para quê? Somos pela paz Jorge Hessen  jorgehessen@gmail.com Brasília - DF  Um encontro entre jovens, em um condomínio de luxo de Cuiabá, se tornou uma tragédia no dia 12 de julho de 2020. Naquela tarde, como fazia com frequência, Isabele Guimarães, de 14 anos, foi à casa das amigas. Horas depois, a jovem foi morta com um tiro no rosto. A autora do disparo Laura, também de 14 anos, relatou à polícia que atirou de modo acidental em Isabele. A adolescente afirmou que se desequilibrou, enquanto segurava duas armas, e disparou. A família da Isabele não acredita nessa versão. Laura praticava tiro esportivo desde o fim de 2019. Ela participou de duas competições e venceu uma delas. (1) Hoje em dia , adolescentes como Laura podem praticar tiro esportivo sem precisar de autorização judicial, graças ao decreto assinado pelo atual presidente do Brasil. A família de Laura, a homicida, integra uma categoria que tem crescido no país, sobretudo durante o atual governo brasilei