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Reflexões sobre Pátrias e seus momentos


Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)


Com compromissos em São Paulo, fizemos o passeio habitual pela avenida Paulista e, entre outros episódios domingueiros, lá estava um grupo defendendo postulações relacionadas com o momento e o futuro do País, chamando-nos atenção a quantidade de bandeiras verde-amarelas, a entoação do Hino Nacional e da prece do Pai Nosso.

Ao retornarmos assistimos ao vivo o desembarque no presidente dos EUA em Havana. Momento histórico, pois foi o primeiro presidente americano a desembarcar na ilha nos últimos 88 anos.

Com evidente emoção refletimos sobre os dois fatos e vieram à nossa mente algumas rememorações.

Já vivemos muitos momentos críticos de nosso País ao longo de nossa existência. Em visitas a diversos países também conhecemos e entramos em contatos com cenários bem diversificados. Inclusive, de alterações nas relações entre nosso País e os dois citados países do Hemisfério Norte.
Mas, especificamente relacionado com os fatos marcantes que citamos, lembramos das várias visitas que fizemos a Cuba e com objetivos diferentes. Nos anos 1990, integramos uma comitiva oficial de dirigentes de universidades, que teve acesso a muitas informações sobre saúde e educação, e contato inclusive com o mandatário da época. Com essa condição especial, conseguimos uma audiência com o então ministro das religiões, aliás, o primeiro, e que era apelidado no meio político da ilha como “o cardeal”. Assim, adentramos no famoso “Palácio de la Revolución”. Este nosso encontro, relatamos na “Revista Internacional de Espiritismo” de 1992.

Depois da abertura religiosa em Cuba, lá estivemos em várias oportunidades, representando o então secretário geral do Conselho Espírita Internacional, e, nesta circunstância, contando com boa receptividade, oficial e fraterna, respectivamente do governo cubano e de espíritas. Entre outras, em novembro de 2011, comparecemos como representante do secretário geral do CEI para negociações relacionadas com os preparativos do 7o Congresso Espírita Mundial, que lá se efetivou em 2013. Mais uma vez comparecemos ao Palácio governamental, sendo recebido por dirigentes do ministério para religiões, e acompanhado por dirigente espírita local e por representantes do CEI para a América Central e Caribe.

Mesmo assim, para a efetivação do citado Congresso, surgiram várias dificuldades e imprevistos em função da falta de relação entre os EUA e o país insular.

Nesse ínterim, no início do primeiro mandato do atual presidente americano, em 2009, tivemos o privilégio de visitar a Casa Branca, acompanhado de uma oficial da Marinha dos EUA e de dirigente espírita de Baltimore. Durante aquela estada nos EUA sentimos o clima de entusiasmo existente pelo então recém empossado presidente americano.

Essas lembranças nos remetem à reflexão sobre o fato de que as mudanças ocorrem ao longo do tempo. Interessante é que o restabelecimento das relações EUA-Cuba foi intermediado por liderança religiosa - o Papa, e, os presidentes dos EUA e de Cuba não são católicos.

À vista disso e centrando a atenção na complexidade do momento conturbado de nosso País, vem-nos à mente colocações espirituais registradas nos livros “A Caminho da Luz” e “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, psicografados por Chico Xavier. Ambos discorrem sobre o papel do Brasil, nos contextos interno e mundial.

O título da obra do espírito Humberto de Campos, é uma legenda, e deve merecer estudos e inspirar ação cidadã e cristã. Exatamente foi a colocação de Chico Xavier feita em entrevista à TV, em São Paulo, no final dos anos 1980, quando foi questionado sobre o tema central do livro. Após mais de cinquenta anos da publicação do livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", Chico Xavier declarou em entrevista:

“[...] Somos de verdade, geograficamente falando, o coração do mundo. Como filhos da pátria do Evangelho, somos chamados a exemplificar o que aprendemos, o que ensinamos, o que constitui a razão de nossas vidas. [...] A violência que existe no Brasil é a violência que existe no mundo, mas como povo temos sabido honrar a destinação a que fomos chamados. [...] Quanto à conceituação de pátria do Evangelho, somos compelidos a pensar no futuro. Nós teremos talvez necessidade de exemplificarmos até com sacrifício do evangelho ensinado por Jesus Cristo, sem nos esquecermos que do ponto de vista evangélico, até ele foi atingido pelo sacrifício extremo, para dar-nos essa alvorada maravilhosa que é a doutrina de luz.” (Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier. O homem e a obra. São Paulo: Ed. USE, 1997, 93p.)

(*) Ex-presidente da FEB e da USE-SP; membro da Comissão Executiva do CEI.

Extraído de:

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