Pular para o conteúdo principal

PRECONCEITOS NAS ARREPIANTES “TENTAÇÕEZINHAS” (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
coleção-de-livros-e-books-gratuitos

O genial Albert Einstein sentenciava que “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. O consolidador do Espiritismo, Leon Denis, assegurava que “a ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito”. Dia desses um confrade confessou-me “não tenho preconceito nem social, nem político, nem religioso, porém por mais que eu tolere e conviva com gays, por exemplo, fico com uma “pulga atrás da orelha”. Sabe aquele “tentaçãozinha’ incômoda e sinistra ao observar alguém que não se enquadra com o que você acredita? Mas tenho consciência que o mundo foi feito para todos.” (sic)

É impressionante que, em pleno século 21, nos encontremos com pessoas “sem noção” que ainda alimentam seus preconceitos nas pastagens das discriminações e racismos. Recentemente o “Jornal Nacional” lançou uma nova forma de comunicação, arriscando tanger pela informalidade, nesse novo formato a jornalista Maria Júlia Coutinho tem se destacado. Porém, há ainda descerebrados que bancam comentários racistas, em pleno século XXI, de absoluto preconceito contra a jornalista, apenas por ela ser negra. 

Preconceito nada mais é do que uma ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento lógico. Caracteriza-se como um juízo preconcebido, geralmente manifestado na forma de atitude discriminatória perante pessoas, lugares, tradições, crenças; resumindo, é um julgamento prévio completamente irracional. Sob tais sentimentos golpeamos o próximo sem avaliarmos a dimensão do estrago psicológico.

Discorrendo sobre o abominável preconceito, divulgou-se muito sobre a tal “uniformização de babás” no Estado de São Paulo. Preconceito é preconceito em qualquer lugar, seja em casa, na escola, na rua, no local de trabalho, etc. No ambiente de trabalho, pode causar sérios problemas entre os trabalhadores. Em face dessa discussão, indagamos, seria a exigência do uniforme branco para as babás no dia a dia do trabalho válida, como ocorre em inúmeras profissões, ou poderia se transformar em instrumento de segregação? 

A recente decisão do Ministério Público de abrir um inquérito contra o Clube Pinheiros para apurar a exigência de que babás usem roupa branca para entrar no local foi elogiada pela OIT (Organização Mundial do Trabalho). Segundo Amelita King Dejardin, especialista da OIT, em trabalhadores doméstico o uniforme deixa claro que babá é serviçal, dá status para a patroa no palco social. Muitos patrões exigem desfilar com suas babás com uniformes brancos “apresentáveis”, como forma de deixar claro que as babás não são parentes ou amigas da família. Não é apenas um uniforme. Em casos assim, é um uniforme usado para identificar uma classe social diferente, usado para marcar uma identidade social. Assim, ações como essas (do Ministério Público) ajudam a trazer à tona um problema velado. 

Obviamente, profissionais como militares, médicos e pilotos, por exemplo, usam uniforme e até se orgulham disso. Mas é preciso levar em conta que o problema do uniforme do trabalhador doméstico seja no clube, no shopping, nos hipermercados e até nas praias, por exemplo, é preconceituoso, pois essa pessoa é vista como à de uma classe mais baixa (inferior). Isso viola, sem sombra de dúvida, os princípios constitucionais da igualdade e da dignidade da pessoa humana. A regra é discriminatória.

A formação do preconceito é fundamentada em alguns componentes: crenças, valores, sentimentos e tendências comportamentais. O ponto de partida costuma ser o estereótipo, segundo a psicologia social, ou seja, uma ideia, conceito ou modelo que se estabelece como padrão. É cultivado quando uma imagem de determinadas pessoas, coisas ou situações são preconcebidas, definindo e limitando pessoas ou grupos de pessoas na sociedade.

As nossas compreensões pueris, na maioria das vezes derivadas da tradição e dos costumes, teceram “ideologias” e estigmatizaram “povos”. As crenças, valores e opiniões são transmitidas sem exame e sem crítica. Alguns as internalizam irrefletidamente, acabando por influenciar o seu modo de agir e de considerar as coisas. O preconceito, ideia formada antecipadamente, não nos deixa observar as coisas como elas realmente as são. O Espiritismo ilumina o tema afirmando que a convivência fraterna é a porta de entrada para o mundo de regeneração. Sem aprendermos a construir uma relação pacífica com os “desiguais” e suas “diferenças”, será muito difícil regenerar nossos costumes e nossas atitudes. 

Com o princípio da reencarnação desaparecem todos os preconceitos especialmente, de sexo, de gênero, de raça e de classe social, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade de ser, de não ser, de ir e de vir. 

A beleza da vida está no fato de todos sermos iguais e desiguais, filhos de um mesmo PAI, e termos algo de novo para instruir. Compete-nos, pois, abrir o coração e a mente para harmonizar esse mundo novo de vivências altruístas e alteritárias.

Postagens mais visitadas deste blog

O livro “Maria de Nazaré” do autor espiritual Miramez pela mediunidade de João Nunes Maia: Uma análise crítica”

Leonardo Marmo Moreira O zelo doutrinário e o cuidado em não aceitar utopias antes delas serem confirmadas é o mínimo de critério que todo espírita consciente deve ter antes de admitir algo dentro do contexto do estudo espírita. Esse critério deve ser ainda mais rigoroso antes do espiritista sair divulgando ou citando, enquanto expositor ou articulista espirita, tais dados ou informações como corroborações a qualquer ideia ou informações, ainda mais quando digam respeito a realidades de difícil constatação, tais como detalhes da vida do mundo espiritual; eventos espirituais envolvendo Espíritos de elevadíssima condição, episódios espirituais de um passado distante, entre outros. Esse tipo de escrúpulo é o que faz com que o Espiritismo não seja apenas uma religião convencional, mas esteja sustentado em um tripé científico-filosófico-religioso, cujo material de conexão dos vértices desse triângulo é a fé raciocinada.  Temos observado confrades citarem a obra “Maria de Naz

A Tangibilidade é uma Manifestação do Corpo Mental

  José Sola Um dos atributos de Deus apresentado por Allan Kardec é de que a Fonte Originária da Vida, em sua essência, é imaterial. Somos ainda informados pelo mestre Lionês, de que o espirito é uma centelha divina emanada do Criador, o que nos leva a concluir que o espirito é imaterial, tanto quanto Deus. E no intento de corroborar o que estamos informando, vamos apresentar algumas questões de Kardec que nos permitirá analisar com maior clareza este conceito. 25 - O espirito é independente da matéria, ou não é mais do que uma propriedade desta, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar? R – São distintos, mas é necessária a união do espirito e da matéria para dar inteligência a esta. Nestas palavras do Espirito da Verdade fica explicitado que espirito e matéria são elementos independentes, mas que é o espirito o eu diretor da matéria, assim, é ele que propicia inteligência a mesma. 26 - Pode se conhecer o espírito sem a matéria e a matéria

“BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO”: UMA ANÁLISE CRÍTICA (PARTE III (CAPÍTULOS 15 ATÉ 23)

LEONARDO MARMO MOREIRA CONTINUAÇÃO DA PARTE II... Capítulo 15 – A Revolução Francesa                 Nesse capítulo, fora o jargão católico que permeia todo o livro, não há maiores pontos de destaque para a leitura de um Espírita militante. Todavia, acreditamos válido dois registros: p.111  “— Anjo   amigo – interpelou um dos operários da luz naquela augusta assembleia...”                                 “Anjo” é uma expressão católica que não tem nenhum valor à luz da Doutrina Espírita. Será que não poderia ser substituída? A Doutrina Espírita não veio ao mundo para proporcionar a cada um de nós a Verdade que liberta da ignorância? Ora, a ignorância espiritual inclui as visões mitológicas a respeito de Espíritos superiores, os quais são Espíritos humanos, trabalhando para o desenvolvimento progressivo de suas qualidades, o que consiste destino comum a todos nós. Cabe a pergunta: será que Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, André Luiz, Yvonne Pereira, H